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Comunidade educacional se mobiliza em defesa de Paulo Freire

 

 

No dia 17 de outubro aconteceu na Universidade de Sorocaba (Uniso) o Colóquio "Exercício de trans-ver Paulo Freire", que teve a participação da coordenadora do Grupo de Estudos em Educação, Cultura e Meio Ambiente (GEAM), Marilena Loureiro. O objetivo do evento foi mostrar as contribuições de Paulo Freire para a educação e apresentar as pesquisas atuais que possuem pensamentos freireanos. Os assuntos abordados foram: memória e herança de Paulo Freire, a presença da pedagogia freireana na nova geração, ressignificação da pedagogia freireana no tempo presente e devires freireanos a partir da Uniso.

 

Paulo Freire, morto em 1997, é considerado um dos mais famosos pedagogos do Brasil e é muito conhecido também no exterior. O intelectual representa um tipo de educação voltado para a formação da consciência política, acentuando que o ensino é essencial na luta contra a divisão entre opressores e oprimidos. Uma proposta legislativa quer anular a Lei 12.612/2012, que deu o título de Patrono da Educação Brasileira a Paulo Freire. Em defesa ao pedagogo, educadores de todo o país estão se mobilizando.

 

De acordo com Marilena, que fez uma apresentação com o tema "Ressignificação da Pedagogia Freireana no Tempo Presente", a movimentação em nome de Paulo Freire busca também defender a educação brasileira, como condição para a emancipação social da população. "Sabe-se que nenhum país conseguiu desenvolvimento econômico sem investimentos profundos em educação. Neste ano de 2017, em que toda a comunidade educacional realiza eventos alusivos à memória de Paulo Freire pela passagem dos 20 anos de sua morte, é necessário lembrar toda a sua obra e sua importância para o mundo", afirmou.

 

Marilena Loureiro discursou sobre sua experiência com os pensamentos freirianos na trajetória como educadora. A principal prática foi no Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos, pelo qual ela fez pesquisas sobre significados, entrou em bairros periféricos de Belém e encontrou populações migrantes, que vieram dos interiores ribeirinhos para a cidade em busca de educação. Outro assunto debatido por ela foi a problemática socioambiental da Amazônia. Segundo a coordenadora do GEAM, no âmbito destes encontros com os conceitos freirianos foi criado o trabalho docente que tem como características a amorosidade, o respeito e o diálogo entre o professor e o aluno. "Os cruzamentos entre essas duas preocupações me trouxeram à tematização da Educação Ambiental. Passamos por muitos desafios e respondemos inúmeras perguntas ao longo de nossas práticas, seja no interior de nossos cursos de graduação, nas universidades, nas comunidades ribeirinhas, nas periferias, nas unidades de conservação ou nas florestas entrecortadas pelos grandes rios", relata. Para Marilena, ainda estamos muito distantes da educação crítica e libertadora tão buscada por Freire.

 

"Defender o legado de Paulo Freire nada mais é do que reconhecer o trabalho de um homem do povo, criador de um pensamento pedagógico único e radicalmente democrático e, por isso, revolucionário. Respeitar Paulo Freire é resguardar a História daquelas pessoas imprescindíveis que dedicam sua vida, dia após dia, à luta por um mundo livre, fraterno, igualitário, justo, próspero e sustentável", argumenta o manifesto coletivo assinado pelos educadores.

Texto: Ana Luiza Imbelloni.

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