top of page

Educação Ambiental crítica em debate na UFPA

 

 

Na última sexta-feira, dia 3, aconteceu o II Seminário “Universidade em Diálogos Sustentáveis: Educação Ambiental Crítica e Transformada, Principais Desafios e Perspectivas” organizado pelo Grupo de Estudos em Educação, Cultura e Meio Ambiente (GEAM) da Universidade Federal do Pará (UFPA)

 

 

 

Estiveram presentes na mesa de abertura do Seminário Maria Lúcia Harada, pró-reitoria de ensino e graduação, representando o reitor da UFPA, Horácio Schneider; Eliana da Silva Felipe, diretoria do Instituto de Ciências da Educação; Ana Maria Tancredi, diretora da Faculdade de Educação; Marilena Loureiro, coordenadora do GEAM; Ana Lídia Cardoso, pesquisadora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA); Gilton Moura, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA); Rosileia Guimarães da Silva, vereadora do município de Bujaru; e Hermes Rodrigues de Souza  Filho, da Associação dos municípios e do Arquipélago do Marajó.

 

“Hoje, dia 3 de junho, dia Nacional da Educação Ambiental, estamos para além de uma data episódica, queremos marcar este evento como lugar de construção de dentro para fora”, mesmo em um cenário político “de aprofundamento de problemas para a Educação Ambiental no país. É exatamente nesse contexto que temos que nos fortalecer e dialogar”, afirmou Marilena Loureiro.

 

A pesquisadora da UFRA, Ana Lídia Cardoso, participa do GEAM desde o começo de suas atividades e considera que a discussão sobre a Educação Ambiental continua sendo muito importante, “temos que avançar, continuar construindo novos caminhos, chegar em novos lugares. Ainda é pouco o que estamos fazendo, principalmente na Amazônia. Temos que ser relevantes na região que moramos”.

 

“Esse evento chama atores diferentes da sociedade para planejar ações em Educação Ambiental”, afirmou Maria Lúcia Harada, pró-reitoria de ensino e graduação, “ontem, saiu no diário oficial a extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI). Fiquei apreensiva em relação às ações desenvolvidas, espero que não tenhamos retrocessos nas políticas ambientais no país, pois isso impacta a todos nos”.

 

A SECADI era a Secretaria que, em articulação com os sistemas de ensino, implementava políticas educacionais nas áreas de alfabetização e educação de jovens e adultos, educação ambiental, educação em direitos humanos, educação especial, do campo, escolar indígena, quilombola e educação para as relações étnico-raciais.

Educação Ambiental Crítica – Durante a manhã aconteceu a palestra do pesquisador Mauro Guimarães, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), “valores da fraternidade estão sendo perdidos, por isso é muito bom estar aqui ao lado do GEAM”, afirmou.

 

O palestrante abordou o contexto político delicado da Educação Ambiental no país, “mesmo com a extinção da SECADI, estamos articulando nossa resistência. O contexto de crise é interessante de se pensar, é uma situação que dá medo, mas pode ser também uma oportunidade de mudança para a melhor. Temos que apostar nisso”.

 

Para Mauro Guimarães o fato de a sociedade brasileira estar antagonizada e polarizada faz parte da dimensão civilizatória global, “a sociedade moderna é constituída pelo paradigma da disjunção. A separação que gera uma série de conseqüências, entre elas, priorizar  ‘a parte’ em relação ‘ao todo’”, explica. 

 

“Essa lógica gera a riqueza crescentemente acumulada particularmente pelo mais forte concorrente” e, para o pesquisador, esse padrão de relação na sociedade moderna acontece também no contexto sociedade-natureza.  “Os problemas ambientais que vivemos hoje são provocados por uma ação humana na sua forma de se organizar socialmente, a questão sócio-ambiental é a degradação da natureza, do ser humano, da sociedade”.

 

“Nós, cada vez mais, nos enxergamos como uma parte separada da natureza. Esse padrão cria relações de degradação em contextos de desigualdade”, neste sentido, a Educação Ambiental crítica e transformadora seria a possibilidade de transformar relações monológicas, hierarquizadas e monoculturais em relações dialógicas, horizontalizadas e de diversidade.

 

“Temos que entender o conceito de sinergia, um com um é maior que dois. A interação entre as partes é algo importante que deve ser levada em consideração, a Educação Ambiental crítica e transformadora busca lutar contra as injustiças e a degradação socioambiental. Busca exercer uma cidadania integrada, em que há o diálogo dos saberes”, concluiu Mauro Guimarães.

 

Relatos de Experiência - No período da tarde, às 14 horas, aconteceu o painel “Universidade em Diálogos Sustentáveis: Reflexões, Políticas e Práticas em Educação Ambiental”, com a presença de Maria Ludetana Araújo, pesquisadora do GEAM/UFPA; Vanusa Santos, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA/UFPA); Ana de Nazaré Martin, do Núcleo de Medicina Tropical (NMT/UFPA); Fátima Vilhena do Instituto de Educação Matemática e Científica (IEMCI); Emily Hanna da Silva, da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC); Débora Alfaia, do Projeto Ludicidade Africana e Afrobrasileira (UFPA/Castanhal); Socorro Andrade e Helena Quadros, do Museu Paraense Emílio Goeldi (PMEG); Lindalva Fernandes, da Secretaria de Meio Ambiente de São Miguel do Guamá; Caroline Gomes Macedo, da Escola Parque; Márcia Mendes, da Escola da Floresta, do município de Santarém; Mário Dias, da Escola de Aplicação da UFPA; Wany Marcele Costa, da Escola Bosque “Professor Eidorfe Moreira”; Márcia Marques, da Secretaria de Meio Ambiente de Juruti; Safira Guerreiro Silveira, do Conselho Juruti Sustentável (CONJUS).

 

Débora Alfaia falou sobre o e-book “Brincadeiras africanas para a educação cultural” fruto do Projeto Ludicidade Africana e Afro-brasileira (LAAB), que teve  início em 2011, com a finalidade de promover a formação continuada de professores e graduandos para a educação nas relações étnico-raciais, através de oficinas e vivências lúdicas com crianças.

 

“Essa experiência demonstra a importância da UFPA fora de seus muros, o projeto desconstrói os discursos intolerantes. Precisamos respeitar a pessoa como ser humano, temos que aprender a admirar a diversidade, todo o ser humano tem que ser tratado com dignidade”, pontuou Débora Alfaia.  

 

Lúcia Almeida, da Coordenadoria de Meio Ambiente da Prefeitura da UFPA, apresentou o projeto “Coleta Seletiva Solidária nas Instituições de Ensino Superior: as prefeituras universitárias nesse processo”, que pratica a Educação Ambiental voltada para a gestão e  “busca construir uma cultura institucional para um novo modelo de gestão de resíduos, somando aos princípios e metas da Agenda Ambiental da Administração Pública”.  O projeto tem, entre outros objetivos, implantar a coleta seletiva com a destinação dos materiais recicláveis para os catadores de resíduos sólidos da região metropolitana de Belém.

 

Lindalva Fernandes, professora de geografia, apresentou o projeto RECICLÉIA, que foi fundado em 2007, na Escola Frei Miguel de Bulhões, em São Miguel do Guamá. Após uma visita ao lixão da cidade, os alunos do terceiro ano do ensino médio tiveram a ideia de criar um projeto que buscasse conscientizar, através de ações lúdicas, outros alunos e a comunidade em geral.  “Meus alunos fazem todo o trabalho, eles são construtores de mudanças”, afirmou Lindalva.

 

Do Museu Paraense Emílio Goeldi participaram duas pesquisadoras, Helena Quadros, apresentou as ações de Educação Ambiental desenvolvidas no Parque Zoobotânico da instituição e Socorro Andrade, abordou o Programa de Educação Ambiental da Estação Científica Ferreira Penna, construído em parceria com o GEAM.

 

O seminário faz parte das atividades do Projeto Universidade em Diálogos Sustentáveis: Quintas Ambientais, que tem como objetivo ampliar as discussões sobre a Política Ambiental Nacional e, especialmente, na Amazônia. O primeiro seminário aconteceu  em março  e teve com o tema “Conservação de Recursos Hídricos”.

 

Projeto Universidade em Diálogos Sustentáveis - Lançado em março de 2016, o Programa de Extensão Universidade Educadora Sustentável desenvolve quatro iniciativas que buscam contribuir para o desenvolvimento sustentável na Universidade: o Projeto Universidade em Diálogos Sustentáveis: Quintas Ambientais; o Projeto Viva Tucunduba!; a Coleta Seletiva Solidária: ações socioambientais na UFPA; e a Coleta Seletiva Solidária em Belém: os catadores, a comunidade e a UFPA. O Projeto faz parte das comemorações dos 60 anos da Universidade.

 

Texto: Lucila Vilar.

bottom of page